NOTA QUALITATIVA DO LIVRO – COMO OS PAÍSES RICOS FICARAM RICOS… E POR QUE OS PAÍSES POBRES CONTINUAM POBRES – ERIK S. REINERT.

Postado por: Fernando Farias

Observatório de Geoeconomia e Análise Sócio-Espacial Regional, vem por meio desta nota, inaugurar uma nova seção na página do observatório. O ícone será direcionado para notas qualitativas e resenhas de livros e obras importantes que fazem parte da estrutura de foco do Observa-ge.

A obra escolhida para inaugurar este item é o livro do economista Norueguês – Erik S. Reinert autor do livro “Como os países ricos ficaram ricos… e por que os países pobres continuam pobres” traduzido por Caetano Penna em 2008. O livro é extremamente importante para responder as grandes questões que abordam a problemática de como a formação da riqueza das nações dentro da divisão internacional do trabalho se mantém heterogênea e desigual ainda hoje, como no passado.

Segue alguns pontos importantes que aparecem na obra do autor

  • O apagamento das estratégias históricas em obras importantes.

Reinert chama a atenção para a exclusão de obras fundamentais das bibliotecas, como os textos de Friedrich List, que influenciaram as políticas industriais de países hoje desenvolvidos.
Essas obras revelavam que as nações ricas sempre recorreram a protecionismo, inovação tecnológica e educação para crescer — mas recomendam justamente o contrário aos países periféricos.

Essa “memória perdida” reforça um paradoxo: os países centrais utilizam práticas protecionistas, ao mesmo tempo em que pressionam os países em desenvolvimento a seguir modelos de livre mercado.

 O caso chinês e o “Made in China 2025”

Seguindo a lógica histórica dos países centrais, a China lançou o plano “Made in China 2025”, que prioriza setores como:

  • 5G e cibersegurança
  • Robótica e aeroespacial
  • Veículos elétricos e novas energias
  • Biomedicina e novos materiais

Essa estratégia provocou fortes reações dos Estados Unidos, que aplicaram tarifas e barreiras comerciais durante o governo Trump. O episódio mostra como as potências continuam a usar protecionismo para defender seus interesses, mesmo enquanto pregam a abertura econômica.

Protecionismo “bom” x “ruim”

Segundo Reinert, existem dois tipos de protecionismo:

  • Leste Asiático (protecionismo “bom”):
    • Proteção temporária de indústrias emergentes
    • Forte investimento em educação e inovação
    • Concorrência interna e distribuição de renda mais equilibrada
  • América Latina (protecionismo “ruim”):
    • Proteção permanente de setores obsoletos
    • Industrialização superficial e dependente de importações
    • Baixa concorrência, nepotismo e desigualdade social

Caminhos divergentes desde os anos 1980

  • Leste Asiático: seguiu políticas industriais de longo prazo, buscou autonomia tecnológica e transformou crises em aprendizado.
  • América Latina: priorizou liberalização e desregulação, abandonando projetos nacionais de desenvolvimento. O resultado foi desindustrialização e dependência de commodities.

No geral a análise central do livro mostra que não existe um modelo único de desenvolvimento. O Leste Asiático se consolidou como centro de inovação porque seguiu políticas industriais ativas, muitas vezes contrárias às recomendações de organismos internacionais. Já a América Latina, ao adotar políticas de abertura irrestrita, permaneceu vulnerável, desigual e dependente.

Para maiores detalhes em relação a obra em primeiro lugar sugerimos a leitura do livro para tirar a suas próprias considerações. Além da análise qualitativa completa que pode ser acessada e baixada no link a seguir.

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